sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Canto Ancestral!

 Hoje faço referência ao compositor e cantor Lisandro Amaral, na verdade, hoje compartilho com vocês a minha admiração por quem é referência para mim todos os dias, independente do momento, pois este é um exemplo de telurismo, alguém que faz de um canto uma reza, "contemplando o céu divino". Ontem tive o prazer de ler com calma o livro Canto Ancestral, no qual, referindo-se ao mesmo, ele diz: "Já o imagino, pela manhã, caído perto das alpargatas de um adolescente que me deu seus olhos...", e isto tornou-se fato, reservei, momentos antes do sono, um tempo para ler e prestar atenção somente às palavras Lisandro, e como já imaginava cada frase por ele escrita transborda sentimento, ele consegue transportar sua alma ao passado, no qual seus avós viveram e com certeza ele contempla com orgulho, como se o próprio estivesse presente.
 Os versos vão além de rimas e as músicas além de acordes, há palavras que carregam imenso valor sentimental, há versos que afloram em nós a sensibilidade, acordes sonoros, conjunto nostálgico que traz sua voz. Este compositor, que tanto admiro e trago como exemplo, conseguiu escrever um livro sem erros, ou seja, não produziu apelos ao comércio, mas sim sinceridade, "ultrapassando o inocente que habita a simplicidade", algo que poucos conseguem, e entre estes poucos aos quais me refiro, cito Roberto Luçardo, Raineri Spohr, Jari Terres, Marco Aurélio Vasconcellos, entre outras exceções.
 Esta postagem tem o intuito de parabenizar este grande compositor, que tem um público seleto, e mesmo que a quantidade de ouvintes não seja de grande número, tenho certeza que a qualidade destes que param para lhe escutar e SENTEM a abrangência nostálgica de sentimentos que suas letras passam é extremamente gratificante a ti.
 Quanto ao livro, Canto Ancestral, fico sem palavras, pois minhas ideologias estão nas entrelinhas de seus versos, e logo no início da leitura já pude me identificar com seus pensamentos de forma clara, o prefácio me trouxe uma curiosidade enorme perante o conteúdo deste extinto modo de tratar a nossa história.

 "Peço que me ajudem a contaminar com a moral dessa história os que se deixam levar pelo apelo da multidão, cujas necessidades exigem a turbulência que sacode o corpo, massacra o sangue, e obviamente, congela a alma. Sim, a alma, essa que, quando pousa e estabelece que não tem mais chance de respirar longe do bando, cai no abismo da falta de silêncio próprio."

 Sinceramente, não tenho mais o que dizer, este parágrafo resume aquilo que penso perante ao modismo considerado imposto pela sociedade, mas não, ele não é imposição de ninguém, mas há uma multidão de alma vazias, as quais não desejam sentir, ou não tem o que sentir e contentam-se alegremente com as palavras repudiosas e vulgares que compõe estas letras que o povo tanto repete incansavelmente, mas isto, em muitos casos, não é falta de conhecimento, é apenas a ignorância cultural fechando portas para beleza que é ouvir um som e lembrar do aroma do campo enserenado, da madrugada fria que torna-se aconchegante nos braços da avó que conta histórias para o neto dormir. Enfim, é inadmissível esta atração basicamente carnal em relação a música que domina grande parte do povo.
 Fico contente ao ouvir o canto de um passarinho, este para mim, sozinho, é mais forte que um coro inteiro, pois nem sempre mil vozes tem mais valor que um solo, a opinião da maioria não é, necessariamente, a mais correta. Eu me atrevo a ser contrária às ideologias baratas desta multidão sem exemplo, não considero minha ideias superiores, apenas mais sensitivas, acredito na história de um povo guerreiro que hoje é retratado em composições belíssimas, as quais merecem atenção ao serem ouvidas.
 Feliz Lisandro, que ainda pode dizer que não é popular, pois se a popularidade atual abrange todo este desrespeito ao corpo, as palavras por ele escritas, mesmo que admiradas por uma minoria, é um culto à alma.
 Agora, tenho a missão de seguir propagando para os meus descendentes este "Canto Ancestral" que minhas seletas exceções produzem em meio ao nosso viver. Hoje, tomei a liberdade de lhe dar como exemplo as palavras escritas por Lisandro, mas ainda há a voz do amigo Raineri, o qual me ajudou por algum tempo com aulas de canto, há também os lendários: Jayme, Noel, Cenair, Leopoldo, Aureliano(...). E é com prazer que eu acordo, passo o dia, e adormeço escutando as poesias e músicas por eles escritas e interpretadas.

 Me despeço, mas fica a dica para que todos leiam e escutem o "Canto Ancestral", de Lisandro Amaral!