sexta-feira, 30 de março de 2012

Maria do Carmo!


 Maria do Carmo é uma cantora uruguaia, nascida em Montevideo, aquerenciada há sete anos no município de Bagé. Talentosa, deixou a profissão de veterinária para dedicar-se à música, sendo ela de gênero folclórico uruguaio, argentino e gaúcho.
 Tive o prazer de conhecer o trabalho de Maria em uma apresentação de Lisandro Amaral na cidade de Pelotas, comemoração do Programa Grito Pampeano de Eric Barreto.
 Há pouco lançou seu primeiro CD, intitulado Cheroga - mi casa (o nome faz referência à expressão "minha casa" em guarani e em espanhol), no qual gravou canções que foram interpretadas por Alfredo Zitarrosa (Pa'l Que Se Va/ Mire amigo) e Mercedes Sosa (Como la Cigarra), com arranjos de Silvério Barcellos, participação de Lisandro Amaral (Oración del Remanso) e Luiz Marenco (Mi Rebenque Plateao - El Rebenque Plateao).
 Quanto ao disco, fica claro que a cantora soube escolher seu repertório e merece reconhecimento por seu canto forte, pois conserva sua graça de um modo extinto... Um dia me referi a Lisandro em uma frase: "não produziu apelos ao comércio, mas sim, sinceridade"; hoje, posso dizer o mesmo de Maria do Carmo.






"Mire amigo no venga
con esas cosas de las 'cuestiones'
Yo no le entiendo mucho
discúlpeme, soy medio 'bagual'
Pero eso sí le digo
no me interesan las 'elesiones'
LOS QUE NO TIENEN PLATA
VAN DE ALPARGATAS
TODO SIGUE IGUAL..."






"Caminitos de Tierras Coloradas" é a primeira faixa do CD Cheroga - mi casa.

Otras canciones: Maria Contrabando, Allá Por Campo Guazú, Don Blanco (Lisandro Amaral); entre outras, fica a indicação deste belíssimo trabalho.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Retorno...

 Os dias se tornam curtos com o passar do tempo, vamos adquirindo novas prioridades e acabamos deixando alguns lazeres para trás, tais como este, o de poder compartilhar nossos pensamentos e gostos com o próximo. Gostaria de postar mais sobre cantores, escritores, livros; enfim, adoraria estar presente nesta rede.
 Estar presente não seria apenas escrever, mas sim ter o prazer de acompanhar tudo aquilo que acrescenta algo a minha cultura. Vejo a internet como uma forma de passar e receber conhecimento, de um modo um pouco contraditório é neste meio online que tudo me parece nostálgico, as fotos, os vídeos, as músicas; eis uma biblioteca virtual, onde posso entrar em contato com verdadeiras obras sem dificuldade alguma.
 Estar conectado nem sempre é visto como uma atitude positiva, mas eu acredito naqueles que saibam usar a internet para entrar em contato com uma cultura boa, para buscar aprender.
 Apesar de encontrar-me ausente no meu blog, não deixei de passear por alguns sítios em busca de conhecimento e nostalgia, fico contente ao poder desfrutar positivamente da tecnologia, pois neste meio encontro verdadeiras relíquias da nossa cultura.
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 Ano passado, durante minhas férias de inverno, tive o prazer de passar alguns dias "para fora", em Santa Isabel (São Lço do Sul), lugar onde passei minha infância com a família, mantendo vivos os costumes de meu bisavô. Não preciso nem citar que estes dias foram de muita paz, onde tive tempo de apreciar o talento do primo e guasqueiro Alexandre Pereira da Rosa. Aproveitando o tempo que por vezes se torna curto, fiz um vídeo:


 Este é apenas uma iniciativa, pois a nossa intenção atual é a de fazer uma sequência de vídeos, onde ele demonstrará todo o trabalho de preparação do couro.

 Para os interessados na arte guasca:

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Canto Ancestral!

 Hoje faço referência ao compositor e cantor Lisandro Amaral, na verdade, hoje compartilho com vocês a minha admiração por quem é referência para mim todos os dias, independente do momento, pois este é um exemplo de telurismo, alguém que faz de um canto uma reza, "contemplando o céu divino". Ontem tive o prazer de ler com calma o livro Canto Ancestral, no qual, referindo-se ao mesmo, ele diz: "Já o imagino, pela manhã, caído perto das alpargatas de um adolescente que me deu seus olhos...", e isto tornou-se fato, reservei, momentos antes do sono, um tempo para ler e prestar atenção somente às palavras Lisandro, e como já imaginava cada frase por ele escrita transborda sentimento, ele consegue transportar sua alma ao passado, no qual seus avós viveram e com certeza ele contempla com orgulho, como se o próprio estivesse presente.
 Os versos vão além de rimas e as músicas além de acordes, há palavras que carregam imenso valor sentimental, há versos que afloram em nós a sensibilidade, acordes sonoros, conjunto nostálgico que traz sua voz. Este compositor, que tanto admiro e trago como exemplo, conseguiu escrever um livro sem erros, ou seja, não produziu apelos ao comércio, mas sim sinceridade, "ultrapassando o inocente que habita a simplicidade", algo que poucos conseguem, e entre estes poucos aos quais me refiro, cito Roberto Luçardo, Raineri Spohr, Jari Terres, Marco Aurélio Vasconcellos, entre outras exceções.
 Esta postagem tem o intuito de parabenizar este grande compositor, que tem um público seleto, e mesmo que a quantidade de ouvintes não seja de grande número, tenho certeza que a qualidade destes que param para lhe escutar e SENTEM a abrangência nostálgica de sentimentos que suas letras passam é extremamente gratificante a ti.
 Quanto ao livro, Canto Ancestral, fico sem palavras, pois minhas ideologias estão nas entrelinhas de seus versos, e logo no início da leitura já pude me identificar com seus pensamentos de forma clara, o prefácio me trouxe uma curiosidade enorme perante o conteúdo deste extinto modo de tratar a nossa história.

 "Peço que me ajudem a contaminar com a moral dessa história os que se deixam levar pelo apelo da multidão, cujas necessidades exigem a turbulência que sacode o corpo, massacra o sangue, e obviamente, congela a alma. Sim, a alma, essa que, quando pousa e estabelece que não tem mais chance de respirar longe do bando, cai no abismo da falta de silêncio próprio."

 Sinceramente, não tenho mais o que dizer, este parágrafo resume aquilo que penso perante ao modismo considerado imposto pela sociedade, mas não, ele não é imposição de ninguém, mas há uma multidão de alma vazias, as quais não desejam sentir, ou não tem o que sentir e contentam-se alegremente com as palavras repudiosas e vulgares que compõe estas letras que o povo tanto repete incansavelmente, mas isto, em muitos casos, não é falta de conhecimento, é apenas a ignorância cultural fechando portas para beleza que é ouvir um som e lembrar do aroma do campo enserenado, da madrugada fria que torna-se aconchegante nos braços da avó que conta histórias para o neto dormir. Enfim, é inadmissível esta atração basicamente carnal em relação a música que domina grande parte do povo.
 Fico contente ao ouvir o canto de um passarinho, este para mim, sozinho, é mais forte que um coro inteiro, pois nem sempre mil vozes tem mais valor que um solo, a opinião da maioria não é, necessariamente, a mais correta. Eu me atrevo a ser contrária às ideologias baratas desta multidão sem exemplo, não considero minha ideias superiores, apenas mais sensitivas, acredito na história de um povo guerreiro que hoje é retratado em composições belíssimas, as quais merecem atenção ao serem ouvidas.
 Feliz Lisandro, que ainda pode dizer que não é popular, pois se a popularidade atual abrange todo este desrespeito ao corpo, as palavras por ele escritas, mesmo que admiradas por uma minoria, é um culto à alma.
 Agora, tenho a missão de seguir propagando para os meus descendentes este "Canto Ancestral" que minhas seletas exceções produzem em meio ao nosso viver. Hoje, tomei a liberdade de lhe dar como exemplo as palavras escritas por Lisandro, mas ainda há a voz do amigo Raineri, o qual me ajudou por algum tempo com aulas de canto, há também os lendários: Jayme, Noel, Cenair, Leopoldo, Aureliano(...). E é com prazer que eu acordo, passo o dia, e adormeço escutando as poesias e músicas por eles escritas e interpretadas.

 Me despeço, mas fica a dica para que todos leiam e escutem o "Canto Ancestral", de Lisandro Amaral!

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Essência!

 Entre abraços, beijos e carinhos, descobri o amor florescendo em cada gesto, vi nascer em cada sorriso um tanto de orgulho e admiração. Em cada pedido de perdão presenciei Deus, e a cada momento de compreensão encontrei a família. Família é história, é abrigo e exemplo.
 Cada vez que temos o prazer de prestigiar a vinda de mais um ser com nosso sangue, a alegria consome as mágoas, sentimos renascer aquele que já se foi em mais um pedaço de nós.
 O dom de cada flor desta roseira é precioso, uma rosa com espinhos mais frágeis, outros mais resistentes, há também os rudes e os sensíveis, mas é com base nestes antônimos e sinônimos que construímos uma família como poucas, onde todos tem força, pois tem algo com valor inestimável, o chamado AMIGO.



AMO VOCÊS!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Churrasco...

 No final de semana do Reponte tive o privilégio de passar o domingo com grandes músicos, pois os mesmos haviam tocado na música "Pégaso" (Mauro Rosa), então, como de costume foi feito um churrasco em nossa casa para reunir a família e os músicos participantes, que no caso seriam: Carlitos Magallanes, Osmar Carvalho, Maurício Barcellos e também a Loma, que apesar de ser intérprete de outra canção compareceu em função da afinidade.
 Para mim é sempre um prazer passar o dia ou a noite rodeada por músicos de qualidade. Valorizo aqueles que tem essência, que fazem florescer a nostalgia dentro de cada ser.
 Neste dia, além da companhia tivemos o prazer de escutá-los em uma "palhinha".



 Carlitos é instrumentista e cantor, músico o qual direciono minha admiração, e aconselho à todos que quiserem escutá-lo a procurar o LP gravado por ele há alguns anos, intitulado Esa Mujer.

Canções que compõe o disco:
- Nostalgias
- Cambalache
- La Puñalada
- Tango pra Teresa
- La Cumparsita
- Esa Mujer
- El Dia que me Quieras
- Desde el Alma
- Carlos Gardel
- Nueve de Julio

ABRAÇOS!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

27º Reponte da Canção!

 O 27º Reponte da Canção aconteceu no último final de semana que passou, nos dias 02(19º Pérola em Canto), 03, 04 e 05 de Junho na cidade de São Lço do Sul. Juntamente ao Reponte há o Pérola em Canto, que ocorreu no dia 02, sendo ele um festival que possui apenas composições de músicos lorencianos, no total são 10 músicas, há premiação para a melhor poesia e para o melhor arranjo instrumental, mas apenas 2 passam para o Reponte, 1 da linha livre e outra campeira. Neste ano as escolhidas para apresentarem-se novamente foram:

Linha Livre:
Pégaso (Valsa) 
Letra e Música: Mauro da Rosa
Intérprete: Maurício Barcellos

Linha Campeira:  
Domingueira (Milonga Arrabalera)
Letra e Música: Adão Quevedo
Intérprete: Cristiano Quevedo

Melhor Poesia:
De tento a Tento (Chamarra)
Letra e Intérprete: Alexandre da Rosa
Música: Ricardo Rosa

Melhor Arranjo Instrumental:
Sonho Estradeiro (Chamamé)
Letra: Jean Barbosa e Cristiano Vieira
Música, Intérprete e Arranjo: Cristiano Vieira

 A minha opinião quanto a escolhida pela linha livre e a melhor poesia é suspeita, pois como podem notar pelo sobrenome os compositores são da minha família, no caso Mauro da Rosa é meu tio e Alexandre da Rosa meu primo, entretanto não defendo piamente tudo que por eles é composto, mas nesta situação achei justo. Quanto ao melhor arranjo realmente foi merecido, porém, não poderia dizer o mesmo sobre a linha campeira, pois o potencial da concorrente deve ser avaliada como um todo e o fato de possuir presença de palco não muda a situação da letra, a qual neste aspecto deixou a desejar.

 No total somaram-se 16 concorrentes no Reponte, as quais foram bem apresentadas, com músicos de qualidade e bons intérpretes. Destacando as LETRAS que mais me chamaram a atenção estariam: "Dos Primórdios da Guitarra" de Gilberto Porto, "A Mão Que Saca o Pelego" de Fabrício Marques, "Como Lo Siento" de Frederico Viana, "Que Assim Seja..." de Zeca Alves, "Caseiro" de Eduardo Muñoz e "Sou Eu o Gaiteiro" de Otávio Severo.

"Si me vez cantando fuerte
No me extrañes compañero
Yo no grito por gritar
Quiero despertar el pueblo"

 Este trecho faz parte da letra "Como Lo Siento" de Frederico Viana, a qual aflorou nostalgia, lembrando "Si Se Calla El Cantor":

"Que se levanten todas las banderas
Cuando el cantor se plante con su grito
Que mil guitarras desangren en la noche
Una inmortal canción al infinito!

Si se calla el cantor, calla la vida..."

 Frederico Viana ganhou 1º Lugar, sendo ele extremamente merecedor da premiação, tendo como privilégio um juri de qualidade (linha livre), destacando a Maria Conceição, que na minha opinião é uma das grandes vozes femininas do nosso Rio Grande do Sul. Frederico ganhou também como melhor intérprete, o que deve ter o deixado satisfeito, pois sua música referia-se ao seu canto.

"- É mais feliz quem sabe ver o mundo, com olhos claros, muito além daqui,
E recomeça reparando os erros, quando descobre a humildade em si;
Nem sempre o mínimo que faço é pouco, nem sempre o máximo é suficiente,
Só que meu ser tende a cuidar com jeito, do que preciso pra seguir em frente."
(Quem Assim Seja - Zeca Alves)

 Citei este trecho da letra de Zeca Alves como um exemplo do que me refiro quando falo em justo e injusto, quando interpretamos uma letra fica implícito o sentimento que lhe fez nascer, e este fator faz a diferença. Como já disse, acho importante a avaliação geral da música, o que nem sempre acontece, assim como ocorreu nesta edicação do festival.

 Confira as premiações do 27º Reponte da Canção no blog do festival:

 São Lourenço está de parabéns pela reconstrução da cidade, foi um grande susto para todos, fico feliz por ter ajudado com o que pude e mais feliz ainda ao ver que isto não foi motivo para o desânimo de ninguém aflorar. O festival foi prova destas conquistas, a organização, o público, as músicas, a estrutura; ao meu ver tudo é motivo de comemoração, pois vai muito além dos pesares, vencer significa força, coragem e amor.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Entrevista caseira...

 Há algum tempo fui passar o dia com a amiga Anna Júlia, e como de costume estávamos escutando música e mateando, entretanto, um certo curioso chamado Joca Martins resolveu fazer uma entrevista com o intuito de descobrir "o que pensam as gurias", sendo este o título da postagem que fez em seu blog.


Com base nesta entrevista postarei apenas a minha opinião:

JOCA MARTINS - O que levou vocês a escutarem esse estilo?
ISABELA - A princípio o que me levou a escutar foi o meio em que nasci, o qual todos escutam e gostam da música gaúcha, como conseqüência fui aprendendo a valorizá-la.

JOCA MARTINS - O que vocês mais gostam da música gaúcha?
ISABELA - Gosto de praticamente tudo na música gaúcha, não que goste de todos compositores e músicos, mas valorizo por ser sincera ao falar de sentimentos e principalmente por mostrar tudo que há de bom em nossa terra, o que fomos aprendendo, cultivando e amando desde pequenos.

JOCA MARTINS - Em qual situação é que vocês mais se agradam de escutar esse estilo?
ISABELA - Para falar a verdade não tenho preferência por nenhuma situação, escuto em casa e no campo as que mais me agradam, como também gosto de festivais porque são nas novas composições que vemos a qualidade dos músicos, se eles pensam nas verdadeiras raízes ou apenas para agradar o público.

JOCA MARTINS - O que poderia ser feito pra nossa música ser mais divulgada?
ISABELA - Esta questão é mais complicada, primeiramente pelo fato de que marketing não ajuda muito caso a cultura não for do agrado de tantos, melhor dizendo, as propagandas só irão despertar a curiosidade naqueles que já se agradam da nossa música, e a idéia seria atingir maior quantidade de público, então um recurso que alguns músicos acharam foi o de “modernizar” suas músicas, atitude a qual eu não concordo. Com isso acho que seria importante fazer eventos os quais chamassem mais atenção, com outras distrações, só assim atrairia mais pessoas e talvez como conseqüência aqueles que ouvissem as apresentações acabariam gostando.

JOCA MARTINS - Qual o ritmo preferido de vocês?
ISABELA - Gosto de praticamente todos os ritmos desde que a melodia seja bonita e agradável, o que importa realmente é o conteúdo.

JOCA MARTINS - O que vocês diriam da música gaúcha, se fossem apresentá-la para um estrangeiro?
ISABELA - Apresentaria o que é de fato e explicaria conforme o meu gosto, pois a música gaúcha realmente é boa, mas não dá para generalizar, sendo assim falaria sobre nossa cultura desde a povoação mais antiga até os dias de hoje, com suas “adaptações” sem fugir do verdadeiro princípio.
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(Terça-feira, 16 de Março de 2010)